Primeiramente, quem me acompanha há algum tempo sabe que sempre defendi a importância de um bom planejamento para os negócios — e no futebol não seria diferente.
Do mesmo modo, sempre acreditei que o futebol nunca é apenas bola na rede.
Nesse sentido, me diga: você já viu aquele time bem estruturado em sua cidade?
Ou seja, mesmo sendo um time amador, o seu responsável cuida de cada detalhe, desde o uniforme de apresentação até o pós-jogo. Acredite, ele está, sim, seguindo um plano, uma visão clara do que deseja construir.
Simultaneamente, percebi que o trabalho de algumas escolinhas de futebol aqui pelo Distrito Federal é regado de muitos desafios: muita paixão, mas pouca estratégia.
O planejamento estratégico é o responsável por transformar uma ideia em um bom projeto, que pode durar anos, pois ele define metas, recursos e dá direção a um sonho.
Dessa forma, com este artigo, quero compartilhar um pouco da minha visão sobre como o planejamento estratégico pode mudar a realidade de uma escolinha, tornando-a mais organizada e competitiva, impactando de forma mais positiva a vida de seus alunos.
Os pilares do planejamento estratégico
À primeira vista, percebo que, quando falo em planejamento estratégico, muita gente imagina algo muito burocrático, cheio de planilhas e termos técnicos, que irá levar muito tempo para a criação de um modelo.
Atualmente, vivemos um momento em que a agilidade nos processos é muito mais desejada. Mas lembre-se: o planejamento estratégico salva, dá um novo sentido, direção e aponta novos caminhos.
Assim, em uma escolinha de futebol, o dono ou o professor deve iniciar o planejamento com perguntas simples e essenciais, como:
• Qual é a razão de existir da escolinha?
• O que desejamos alcançar?
• Como vamos fazer para isso acontecer?
Em síntese, essas perguntas indicarão o caminho a ser tomado.
Missão — o propósito do projeto
Desde já afirmo: ter um time sem propósito é melhor não ter.
Já escutei isso algumas vezes: “eu tinha um sonho de ter um time de futebol”. No entanto, é importante entender que o sonho não é um propósito.
A missão, sim, é o porquê de existir tal projeto.
Por meio da missão, posso definir, por exemplo, que na minha escolinha irei formar atletas de alto nível, ou oferecer oportunidades para crianças em situação de vulnerabilidade social. E há ainda aquela missão que tenho certeza de que você já escutou: desenvolver cidadãos por meio do esporte. Mas como isso será feito?
A missão precisa ser clara, objetiva e praticável, para que o projeto faça sentido e tenha direção.
Visão — onde quero chegar com o meu time?
Antes de mais nada, a palavra visão nos remete ao futuro que se quer construir. Nesse sentido, ela funciona como um guia para as ações e ajuda a manter o foco, mesmo em dias de baixa motivação.
Se eu tivesse uma escolinha de futebol, a visão poderia ser: “ser referência na formação esportiva e humana de jovens na região” ou “revelar atletas para times profissionais”.
Assim, eu teria um caminho melhor definido a seguir com o meu projeto.
Valores — o que não se negocia
Os valores são os princípios que servem de base para a definição de comportamentos e atitudes que sustentam o projeto.
Exemplos: respeito, disciplina, inclusão, comprometimento e trabalho em equipe. Essas palavras só farão sentido se forem transformadas em comportamentos práticos, dentro e fora de campo.
Em síntese, a importância dos valores para a escolinha ficará em evidência no ambiente de treinamento, nas relações com os alunos e professores e na imagem que o projeto transmite à comunidade.
Diagnóstico — entender o ponto de partida
Primordialmente, depois de definir a missão, a visão e os valores, e antes de traçar metas, é preciso ter um olhar crítico para dentro do projeto.
É necessário saber: quais são os recursos disponíveis? Quantos alunos estão matriculados e quantos mais é possível atender? Como está a estrutura física? Há um local adequado para treinar os atletas? Existem alternativas de campos ou quadras esportivas para os treinos? Quais são as parcerias atuais? Há estrutura para receber novos parceiros? O que pode ser oferecido a eles?
Nesse sentido, esse diagnóstico vai ajudar a ter uma visão realista e a identificar o que precisa ser melhorado. É o momento de reconhecer os pontos fortes e também os desafios.
Cabe aqui um exemplo pessoal: há três anos, eu quis montar uma escolinha de futsal. Foi quando fui em busca de espaços físicos, como quadras esportivas aqui na cidade, e acabei não conseguindo nenhum local. Assim, o projeto não saiu do papel.
Esse exemplo serve para ilustrar a importância de realizar um bom diagnóstico, poupando, assim, tempo e recursos.
Metas e estratégias — transformar o sonho em plano
De antemão, você sonhou com sua escolinha, mas ela só se tornará realidade a partir do momento em que você conseguir transformá-la em metas, ou seja, em algo mensurável.
Eventualmente, para conseguir realizar as primeiras matrículas, fechar parcerias e/ou patrocínios, participar de competições e melhorar o desempenho dos atletas, tudo isso fará parte do plano de ação que compõe o planejamento estratégico.
Para facilitar o entendimento e a montagem do plano de ação e das metas, você poderá seguir o exemplo da tabela a seguir:
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Ações e acompanhamento — o campo da execução
O planejamento é importante, mas executar é crucial.
Em primeiro lugar, criar uma rotina de acompanhamento é fundamental: reuniões mensais, avaliação dos resultados e feedback dos professores e dos pais.
Contudo, um bom planejamento não é algo engessado; ele evolui e se adapta junto com a escolinha, acompanhando os desafios e buscando sempre manter todos na mesma direção.
O jogo fora das quatro linhas
No futebol, um time entrosado, com talentos individuais e esquemas táticos bem entendidos, ganha partidas, mas é o planejamento que constrói vitórias duradouras.
Nesse sentido, não basta ter bons treinadores e atletas dedicados, pois isso não é garantia de uma escolinha de futebol bem estruturada. Ela precisa de visão, propósito e direção.
Portanto, tudo isso é contemplado na construção do planejamento estratégico, que é o grande responsável por sustentar o projeto, pois ele organiza as ideias, fortalece as decisões e transforma paixão em resultado.
Por outro lado, sei que o dia a dia de um dono ou responsável por uma escolinha é uma verdadeira correria, e parar para planejar pode parecer algo distante e desafiador. Mas, na verdade, isso deve ser encarado como algo essencial, desafiador e importantíssimo para o futuro da escolinha.
Dessa forma, cada etapa estruturada, cada objetivo definido e cada ação bem pensada representam um passo rumo ao crescimento da sua escolinha.
Por fim, o planejamento estratégico é o seu maior parceiro fora de campo. Não perca mais tempo: entre para vencer, pois quem tem um plano sempre joga melhor.
— Rafael Neves, apaixonado por histórias e projetos que fazem o esporte crescer.
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